quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Perdoar não é esquecer...


Alguns meses atrás estavam eu e uma amiga em uma viagem conversando sobre relacionamentos, na dificuldade que muitos homens e mulheres têm em pensar antes de agir e em como é ainda mais difícil perdoar, esquecer e seguir em frente.

Falávamos que as histórias são as mesmas, mudam algumas atitudes, alguns nomes e fisionomias, mas em sua essência são sempre assim: Um faz bobagem, o outro se magoa, perdoa e segue em frente com um pé atrás. Surgiu aquele ditado de que “gato escaldado tem medo de água fria”, que depois que acontece uma vez nada volta a ser o que era antes.

Minha amiga olhou para mim e me contou uma história que fez todo o sentido para mim naquele momento, e hoje, ao refletir novamente sobre o assunto, vejo que ela sempre fará todo o sentido.

A historia conta mais ou menos assim:

“Era uma vez, um garotinho muito querido, porém muito arteiro.
Este menino tinha apenas seu pai, que fazia o possível para educar, da melhor maneira, seu filho que amava mais do que tudo na vida.
Certo dia seu pai fora chamado na escola, pelo mau comportamento de seu filho. Ele era uma criança querida, mas estava cometendo deslizes, que deixavam seu pai entristecido.

Foi então que seu pai resolveu ter uma conversa séria com seu filho, lhe explicou que o que ele estava fazendo não era certo e que isso o deixava chateado.
O menino, como amava muito o seu pai, lhe prometeu que não faria mais nada de errado a partir daquele dia. Foi então que seu pai lhe falou:
- Vamos fazer o seguinte então meu filho, tu estás vendo aquela arvore ali? Para cada bagunça feita na escola, cada palavrão dito, falta de respeito com os seus professores, ou para cada coisa que fizeres que sabes que não aprovo, tu vais colocar um preguinho naquela arvore.
O menino achou a idéia bem divertida, e para cada coisa errada que ele fazia ele ia la e pregava um preguinho na arvore.
Certo dia ele passou pela arvore e reparou que ela estava cravejada de pregos, muitos e muitos deles, se sentiu frustrado consigo mesmo pela quebra da promessa que fizera a seu pai e resolveu ir falar com ele.
Seu pai foi compreensível e lhe disse:
- A partir de agora você vai fazer assim, cada mau comportamento que você pensar em fazer, mas não fizer, para cada gesto bom de sua parte, você vai ir lá e vai tirar um preguinho está bem?
E assim o menino fez.
Quando o menino retirou o ultimo preguinho da arvore sentiu por dentro um orgulho de si mesmo, ficou faceiro e foi lá chamar por seu pai, para ele ver o grande garoto que tinha se tornado seu filho.
- Olhe e me diga o que você vê ai meu filho?
- Uma árvore.
- O que mais?
O menino riu, refletiu por um momento e baixou a cabeça.
-Um monte de furinhos.
-Exatamente. “

E é assim com nossos corações. Cada pessoa que passa por nossa vida deixa uma marca, às vezes boa, às vezes ruim. Nossas atitudes deixam marcas e assim por diante.
Então não adianta tirar os pregos, pois a marca já foi feita, não sairá de lá.
Pedir desculpas não apagará o que foi dito, o que foi feito, o que foi sentido.
O buraquinho continuará sempre ali, aberto e visível a quem estiver disposto a olhar com mais atenção.

Quando alguma atitude nos magoa novamente o buraquinho aumenta um pouco mais, porém quando alguma outra atitude tomada nos faz feliz este buraquinho não diminui.

Porque perdoar não é esquecer.



P.S. Talvez se pensássemos mais nos outros antes de agir, não precisaríamos ser perdoados. ;)