sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Dor Doce...


“Toda despedida é dor... Tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia.” William Shakespeare

Os dias têm passado rápido demais.
Tenho colocado todas as coisas num papel e corrido atrás no piloto automático, porque nem tempo para analisar e respirar tem me sobrado.
Mas hoje resolvi parar para refletir sobre meus sentimentos.
Por mais fácil que seja não pensar, não se vive só de razão.

Nunca fui boa com despedidas, porque isso implica em aceitar afeto dos outros. Aceitar abraços. Aceitar palavras bonitas e declarações sinceras. Aceitar lágrimas de tristeza e de saudades já antecipadas. Aceitar amor.
Tem sido um momento de grande aprendizado para mim. Um aprendizado bom.
Para alguém que passou uma vida achando que estava sempre “incomodando” com a própria presença, perceber o quanto se é benquista é lindo e ao mesmo tempo assustador.
É difícil mudar todo um pensamento e aprender a lidar com isso em apenas 13 dias.
Nunca me senti tão amada na minha vida. Talvez porque eu nunca tenha conseguido perceber todo esse amor que sempre esteve presente. E perceber isso tem sido realmente bom. Tem me feito muito feliz.
Sempre me senti meio peixe fora d’água nos meus grupos de amizade. Mais parecia que eu estava assistindo as coisas acontecerem, do que vivendo elas. Talvez por isso eu sentia como se as pessoas me “aturassem” ao invés de sentir que elas realmente queriam minha presença.
Foi um esforço danado colocar na minha cabecinha oca que se me convidavam era porque me queriam perto e que estar presente não incomodava os outros, que minhas ideias e piadas não eram ruins ou enfadonhas. Foi um esforço enorme entender que sim eu sou legal.

Mas eu me esforcei e insisti. E o retorno que tenho tido tem sido tão gratificante que só em pensar meus olhos enchem de água e eu fico pensando “CARALHO SÓ TEM GENTE MARAVILHOSA NA MINHA VIDA!”
Acho que a melhor forma exemplificar o que sinto é dizer que eu queria ser muito, muito rica para comprar bilhetes para as ilhas Maldivas, num hotel All inclusive para todos os meus amigos. Porque Maldivas é minha ideia de paraíso e quando estou com eles eu realmente me sinto no céu de tão feliz.

Outra coisa que também tem me marcado muito é a percepção de que recomeços não acontecem somente depois que todas as coisas já se resolveram e quando tudo está perfeitamente bem.
Ao longo da vida a gente vai desenvolvendo relações com outras pessoas e algumas delas não dão muito certo.

Eu olhei para trás e percebi o quanto corri esse ano para que tudo ficasse em paz, fiquei muito feliz pelas amizades que consegui resgatar e me reaproximar, mas ainda sim, faltando 13 dias para um recomeço, ainda há coisas por resolver.
Pessoas que me foram ou são tão importantes, tão distantes de mim, pessoas que amo e amei seguindo seus caminhos com mágoas e tristezas que eu, por mais que tenha vontade de amenizar e resolver já não posso mais. Essas coisas precisam de tempo.
Só que não há mais tempo.

De um amigo de longa data eu fiz questão de me afastar por perceber que ele não era mais meu amigo. As atitudes dele me faziam mais mal do que bem e quando a gente se ama a gente não se permite ficar por perto de quem não nos traz paz e coisas boas. Amizade é se importar, é cuidar e acima de tudo é respeitar.

De um parente realmente próximo eu fiz a escolha de diminuir uma dor que só aumentava através de um afastamento definitivo. Foram anos amando, cuidando como eu podia e tentando ser o melhor exemplo possível para que ele fosse a melhor pessoa do mundo. E me levou anos para perceber que as escolhas dele independiam das minhas palavras, das minhas atitudes e das minhas vontades. Tentei não me importar, fingi estar tudo bem, até o dia em que percebi que fingir que algo está certo quando não está machuca muito mais do que aceitar que as coisas não vão bem e seguir em frente.
A gente recebe o que transmite somente quando nos cercamos de pessoas que transmitem o mesmo que nós.

Para essas pessoas eu percebi que talvez só o tempo as traga para perto de mim novamente de uma forma boa e singela. Um tempo individual e diferente do meu. Um tempo que não tenho sobrando para esperar.

Para uma amiga eu mandei mensagens, deixei claro meu apreço apesar de tudo. Nossa amizade foi muito intensa desde o início, mas a convivência, os anos e a forma como vemos o mundo foi mudando tanto ao longo dos anos que nossos caminhos já não faziam mais bem quando trilhados juntos.
Mas não é porque uma amizade já não existe, que todo o carinho e convivência que tivemos seriam apagados de mim. Eu sempre vou ser grata pelas coisas boas e pelo aprendizado que as nem tão boas me trouxeram.
Com ela eu aprendi que certas coisas simplesmente são melhores e mais agradáveis não resolvidas. Certas distancias fazem bem.
Não sei como ela reagiu a isso. Não espero resposta. Prefiro pensar que minhas palavras deixaram o coração dela quentinho e que ela sente um carinho grande por mim, apesar de tudo.

Com um amor eu insisti, mais do que deveria, para que as coisas ficassem bem. Custei a entender e a aceitar que, assim como eu fiz minhas escolhas e ele respeitou, eu também deveria respeitar a escolha dele de querer se afastar.
Me faltou maturidade, eu admito. Eu coloquei ele num lugar importante demais na minha vida, sem sequer perguntar se ele queria ocupar aquele lugar. O lugar do apoio, do abraço quente, do ombro para chorar. Ele era a primeira pessoa que eu queria contar quando algo bom acontecia e a primeira também que eu queria que me ouvisse quando meu mundo desabava. Acostumei com aquele humor parecido com o meu que me fazia rir no meio do choro, com aquele temperamento na hora da briga que fingia que não estava nem aí, mas que depois me procurava com sensatez e tudo ficava bem de novo. Acostumei a receber músicas que jamais teria ouvido se não fossem enviadas por ele e a gostar de coisas que nunca me chamaram atenção.
Me acostumei a receber carinho e atenção e quando isso tudo acabou eu realmente não soube lidar de forma madura. Chorei como uma criança mimada faz quando o seu brinquedo favorito quebra.
Talvez eu tenha sido mimada.
Talvez eu apenas tenha conhecido o que é um amor recíproco e bom depois de uma vida de amores egoístas.
Aceitar que algo bom foi breve, quando se queria que fosse duradouro é difícil. Dói bastante querer ter por perto alguém que quer estar longe e por isso insisti tanto. Pedi, chorei, briguei, mas por fim, cedi.
Talvez um dia ele queira estar perto mesmo longe. Talvez ele nunca mais queira ouvir falar de mim. E tá tudo bem.
Cada um tem seu tempo e agora já não depende mais de mim.
Aceitei sua escolha.
Aceitei que perdi.
E no fim das contas a dor da perda tem sido bem menor do que a dor de bater, incansavelmente, numa porta que não abre.

A verdade é que certas coisas ainda ficarão mal resolvidas e para trás.

A vida não espera.

Minha vida atualmente tem sido um labirinto imenso e cheio de portas. Tenho tido uma sorte gigante por ter pessoas abrindo portas para mim e me ajudando a seguir meu caminho. Eu preciso insistir nas portas certas para encontrar a saída. E o tempo é curto. Tudo parece muito confuso, mas ao mesmo tempo eu nunca tive tanta certeza de que estou no caminho certo.

Amigos, para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro.

Amo vocês,

Ingrid Pitanga



quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Carta de Fernando à Ophélia...

Agradeço a sua carta. Ela trouxe-me pena e alívio ao mesmo tempo. Pena, porque estas coisas fazem sempre pena; alívio, porque, na verdade, a única solução é essa — o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amizade inalterável. Não me nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade?
Nem a Ophelinha, nem eu, temos culpa nisto. Só o Destino terá culpa, se o Destino fosse gente, a quem culpas se atribuíssem.
O Tempo, que envelhece as faces e os cabelos, envelhece também, mas mais depressa ainda, as afeições violentas. A maioria da gente, porque é estúpida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contraiu o hábito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente feliz no mundo. As criaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade dessa ilusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por ele a estima, ou a gratidão, que ele deixou.
Estas coisas fazem sofrer, mas o sofrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão-de passar o amor e a dor, e todas as mais coisas, que não são mais que partes da vida?
Na sua carta é injusta para comigo, mas compreendo e desculpo; decerto a escreveu com irritação, talvez mesmo com mágoa, mas, a maioria da gente — homens ou mulheres — escreveria, no seu caso, num tom ainda mais acerbo, e em termos ainda mais injustos. Mas a Ophelinha tem um feitio óptimo, e mesmo a sua irritação não consegue ter maldade. Quando casar, se não tiver a felicidade que merece, por certo que não será sua a culpa.
Quanto a mim...
O amor passou. Mas conservo-lhe uma afeição inalterável, e não esquecerei nunca — nunca, creia — nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequenina, nem a sua ternura, a sua dedicação, a sua índole amorável. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe atribuo, fossem uma ilusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que lhas atribuísse.
Não sei o que quer que lhe devolva — cartas ou que mais. Eu preferia não lhe devolver nada, e conservar as suas cartinhas como memória viva de um passado morto, como todos os passados; como alguma coisa de comovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos anos é par do progresso na infelicidade e na desilusão.
Peço que não faça como a gente vulgar, que é sempre reles; que não me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infância, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras afeições e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a memória profunda do seu amor antigo e inútil.
Que isto de «outras afeições» e de «outros caminhos» é consigo, Ophelinha, e não comigo. O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existência a Ophelinha nem sabe, e está subordinado cada vez mais à obediência a Mestres que não permitem nem perdoam.
Não é necessário que compreenda isto. Basta que me conserve com carinho na sua lembrança, como eu, inalteravelmente, a conservarei na minha.

Um amor bom demais...


A gente passa a vida toda gostando de quem não gosta da gente. Levantando a bandeira de trouxa, a bandeira de “O não eu já tenho, agora vou atrás da humilhação”. Aceitando migalhas de amor dos outros por não achar que merece mais.
A gente vive morrendo de fome de amor e não nos damos conta disso.
Só quando a gente percebe o valor que temos, quando aprendemos a nos amar e a deixar só o que é bom ficar, é que a gente para de aceitar pessoas inconstantes, indiferentes e egoístas na nossa vida. Pessoas que só atenuam nossa ansiedade. 
Por que alguém que lhe deixa nervoso quando você pode ter alguém que lhe traz paz?!
Eu encontrei um amor, mas não amor qualquer. Um amor bom.
Um amor grande. Recíproco.
Um amor generoso, depois de uma vida (talvez) de amores egoístas.
Aquela torta grande e gostosa de chocolate, na hora exata da larica.
Um amor bom demais.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Sinfonia do Adeus...

[Ah, nunca mais, eu sei
Você não vai mais aparecer por aqui
Mas quero que você saiba, meu amor, te amo]

O que passou por nós que nos separou tanto?
É difícil entender como que num dia você é parte de tudo o que me faz feliz e no outro alguém totalmente à parte da minha vida.
Como pode pessoas decidirem sair da nossa vida de uma hora para outra e realmente sair, como se nunca tivessem entrado?!
E tudo o que foi construído? E todos os abraços? E todas as conversas? E todas as lembranças?
Lembro de quando fiz as contas e lhe disse que ainda teríamos mais 16 encontros antes do fim. Porque essa era a única coisa certa entre nós. O fim.
Lembro que doeu um cadinho pensar sobre isso. 16 parecia um número tão pequeno. Hoje cada semana é uma eternidade, e nossa, como me fazem falta aqueles 16 dias ao seu lado que a gente nunca viveu.
O fim que estava tão claro e tão bem determinado, por que precisava ser adiantado?!
Nosso adeus é tão definitivo e tão cruel porque sabemos que nunca mais nos veremos, nem mesmo por acaso, numa esquina, num bar, ou na fila do mercado. Por que então não podíamos aproveitar um ao outro enquanto ainda havia tempo?
Sempre que entro no banho lembro da primeira conversa que tivemos enquanto nos revezávamos para molhar os cabelos e enxaguar o corpo.
Fico pensando em todos os diálogos que poderíamos ter tido desde que paramos de nos ver. Como me dói pensar em todas as risadas, piadas, beijos, momentos e coisas lindas que podíamos ter vivido e que se perderam nessa fenda que criamos entre nós.
Aquele cantor estava certo, a maior saudade é a do abraço não dado e do eu te amo não dito.
Ainda lembro dos dias em que você me chamava de Sol, o seu sol. Me pergunto quando deixei de ser.
Hoje faz frio dentro de mim.
E a saudade tem doído de forma aguda e constante.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

I've been thinking...

I have been thinking...

I have always believed that we all need love in our lives.

I sought love my whole life and found nothing but sorrow.

So I stopped this foolish seeking on outside and started a seeking for love inside myself. Which was really rewarding.

I found not only love, but also happiness and peace of mind.

I was perfectly fine when I met you. Even so, you made me feel even better.

I have been thinking about you too often lately. I am not accustomed to do that anymore; it is almost as if it was something new to me.

If there is something I was not expecting, this thing was to fall in love, though. Not at this moment. Not that hard.

You seemed to be a special person, the way you talked was so relaxed and you are so smooth that it makes me want to be around you all the time.

I never get bored when you talk to me; I never feel tired of your company.

I feel passion again, I feel the heart beat increase. I feel warmth on my cheeks, I feel a kind of happiness that only your touch can bring and I miss your presence every day.

I know this is huge. It feels huge.

I was afraid at the first. Now I am just letting it go.

It is better do not fight against something that brings you joy.

It is better to open your arms with a little fear, than to close yourself to something good.

I liked you. Since the first moment.

And this feeling feels good.

Life is so cliché; “when you less expect, you will find someone” they always said.

Life is so cliché and I think it is perfectly fine this way.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Slumber Party Hostel...

Esta história é sobre o Slumber Party Hostel em Krabi.
São 2 hostels com o mesmo nome (1 e 2) e eles são uma mistura de American Pie com Hangover.

Eu estava de férias na Tailândia e resolvi ir pra Krabi para pegar uma praia.
Catei um hostel pelo site Wostelworld e fiz minha reserva online.
Quando cheguei em Krabi, lá pelas 21h, entrei num ônibus que deixava as pessoas em frente ao Hotel delas.
Perguntaram na entrada do ônibus: “qual o Hotel? ”
“Slumber Party 2” – respondi.
Seguimos por cerca de 1h e meia até que o ônibus pára e o motorista anuncia: “Slumber Party”
Desci e percebi que a entrada do hostel era uma festa. Música alta, pessoal bebendo e dançando. Todos usando uma regata cor de rosa.
Entreguei meu passaporte, o rapaz fez o checkin e pediu para eu acompanhar ele até o quarto.
- Essa é a sua cama. Eu acho que o último hospede foi embora com a chave, não estou conseguindo achar. Então desce lá que te dou umas cervejas de graça até eu encontrar.
Desci bem feliz, peguei minha cerveja free e questionei o porquê daquelas camisetas cor de rosa.
- É do nosso PubCrawl de hoje, você paga 450 Bath e ganha a camiseta, um drink e um ticket de taxi.
- Que horas vocês saem?
- Daqui 10 minutos.
Paguei os 450, peguei a camiseta e escolhi meu drink.
Agora deixa eu explicar que 450 bath é o equivalente a 45 reais e que o drink era 1L (isso mesmo UM LITRO) de Long Island Ice Tea.
Fiz um esforço tremendo para beber em 10 minutos 1l de Long Island e entrei no taxi (O taxi era na verdade uma mini van aberta, onde cabiam cerca de 8 pessoas)
Descemos no primeiro bar e logo na entrada: shots de tequila free.
Ganhei cerveja de um alemão que estava junto no taxi e depois fiquei dançando enquanto eles davam free shots de uma bebida de pêssego muito boa. Acho que bebi uns 20 shots daquele negócio.
Saímos todos juntos para o segundo bar. Nessa altura eu precisava muito ir ao banheiro.
Quando cheguei no banheiro tinha uma fila enorme no banheiro feminino e nenhuma no banheiro masculino. Fiz um discurso na fila tão bonito que convenci todas as meninas e decretei em alto e bom som que a partir daquele momento não existia mais banheiro feminino e masculino, os dois banheiros eram unissex. Organizei o negócio de tal maneira que três meninas iam comigo para cima dos homens que tentavam furar a fila única que eu tinha implantado.
Vencida a questão do banheiro era hora de ir para o terceiro bar.
Já no terceiro eu não lembro bem o que houve. Tenho flashs de estar cantando “without me” do Eminem, de fumar narguilé com completos desconhecidos e de querer ir embora.
Eram umas 4 horas da manhã. Sai pela rua sozinha sem a mínima ideia de onde ir.
Vi um Burguer King. Entrei. Comi todas as batatas que meu dinheiro conseguia pagar.
Na saída tinha um casal conversando e de repente eu era amiga deles e o rapaz tinha me dito que sabia onde meu hostel ficava e que estava indo pro mesmo lado.
Caminhamos por cerca de 20 minutos na chuva enquanto eu discutia e insistia que estávamos indo para o lado errado.
Quando venci a discussão no cansaço pegamos um Tutuk (uns taxis mais simples que existem por lá), eu disse Slumber Party 2 para o motorista e ele começou a voltar todo o caminho que tínhamos feito.
- Viu! Viu! Eu disse que estávamos indo para o lado errado!
Chegamos no tal lugar e ele era diferente do lugar que eu fiz checkin.
Me desculpei com o rapaz e voltamos a caminhar na direção que ele queria.
Passados uns 10 minutos pegamos outro tuktuk. Esse nos deixou no hostel certo.
Quando cheguei no Hostel e entrei no meu quarto tinha um indiano na minha cama.
(Oi??)
Discuti com ele.
- Essa cama é minha! Faça o favor de levantar.
- Não vou levantar, essa cama é minha!
-Não! É minha!
Depois de uns 5 minutos discutindo ele me perguntou:
- Que horas você fez o chekin?
- Às 21h – Respondi.
- Eu fiz as 9 da manhã! Essa cama é minha!
Olhei para o Rapaz do Staff do Hostel que estava acompanhando a discussão, mas ele estava mais bêbado que eu e só conseguia rir.
Um cara que estava dormindo na cama ao lado (era uma quarto com 4 camas) ouviu e resolveu dormir com a namorada e deixou eu dormir na cama dele.
Acordei as 8h para reclamar da minha cama e na verdade eu não tinha cama mesmo.
Eu tava no Hostel errado.

São 2 hostels com o mesmo nome, eles são uma mistura de American Pie com Hangover.
Faça o chekin consciente.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Ensaio Sobre Felicidade...

Você é feliz?
Felicidade é o sentimento mais subjetivo e o mais almejado na nossa vida. Logo que começamos a entender quem somos e o que é o mundo, já começamos nossa busca incessante pela felicidade. 
E por mais que a felicidade não seja receita de bolo, é isso que nos colocam na cabeça, de uma forma ou de outra ao longo da vida. 
No meu caso, por exemplo, sempre que eu estava triste, alguém vinha e me falava algo do tipo "mas porque ficar triste por isso? Olha a vida que você tem, você tem emprego, casa, saúde, família... Você deveria estar feliz, tem muita gente que não tem nem isso." 
Analisando minha vida, hoje, eu vejo o quanto essas palavras deturparam minha visão de felicidade e é sobre essas coisas que vou falar hoje. 
Porque primeiro: Tristeza não é antônimo de felicidade, você pode sim ser feliz e se sentir triste por determinada situação em dado momento da sua vida e está tudo bem. 
Segundo: A felicidade não depende de fatores externos. 
 Na minha busca pela “felicidade” eu fui por muito tempo "infeliz". Na realidade eu queria ser feliz e porque minha vida era boa eu não me permitia sofrer. E por achar que quem tem uma vida boa obrigatoriamente é feliz, eu comecei a procurar falhas na minha vida para justificar minha “não felicidade plena”. Eu dizia para mim mesma que eu ainda não era feliz por causa dos problemas que eu estava tendo, ou por causa das coisas que eu queria e não podia ter. Hora me faltava um diploma, hora me faltava um amor, ou então me faltava dinheiro, perder uns quilos, "ah eu se eu não tivesse esse nariz estranho ou fosse mais baixa"... E assim eu ia indo, justificando a minha tal felicidade que nunca chegava. 
Foi só nesse ano que tudo fez sentido. Que as mudanças vieram e que as compreensões como um véu me caíram uma a uma. 

Eu estava num mês muito difícil, onde, de uma hora pra outra na sala de terapia eu abri a caixa de Pandora e comecei a sofrer. Sofrer de verdade. Sofrer todos os dias. Sofrer contra a minha vontade. E eu ainda sofria duas vezes, uma pelo sofrimento em sí e outra por estar "me permitindo" sofrer daquela forma. E foi horrível, eu sofria por tudo o que eu não sofri ao longo desses 28 anos. Simplesmente me doía cada mágoa que guardei, cada palavra ruim que ouvi, cada dor que ficou calada em mim em algum momento da vida, incluindo coisas que me aconteceram quando eu tinha 5 anos de idade, ou nem isso.  Eu estava à flor da pele, era só alguém falar "oi, tá tudo bem?" que eu começava a chorar sem conseguir parar ou controlar.
Num dia desses de bad resolvi pesquisar sobre países, porque era algo que me fazia distrair e sentir melhor. Foi quando descobri sobre um pais chamado Butão, que de acordo com a internet (e se está na internet é verdade) é onde moram as pessoas mais felizes do mundo. 
Pesquisando descobri que Butão é um pais super fechado, onde até 10 anos atrás não tinha nem televisão, quando muito luz. Logo pensei naquela frase clichê de "dinheiro não traz felicidade", mas só isso não me convenceu e continuei pesquisando. Achei um relato sobre um cara que ficou um bom tempo lá aprendendo sobre a cultura local e de acordo com o relato dele, dentre várias outras coisas, lá as pessoas são felizes porque ao contrário de nós ocidentais, que buscamos terapia e remédios para evitar o sofrimento, elas não fogem do sofrimento. Elas abraçam ele. Elas são condicionadas pelos seus próprios costumes a pensar na morte pelo menos 5 vezes por dia e a enxergarem a morte como uma condição humana, a não temer ela e a estarem preparadas para o dia em que elas deixarem de existir. Uma das coisas que mais assustam as pessoas que conheço é para elas o que deveria ser para todos, apenas mais uma parte da vida.
Sim o sofrimento faz parte da vida. A gente já nasce apanhando e chorando e isso não quer dizer que a gente seja infeliz. Infeliz é a nossa percepção de felicidade achando que não há espaço para dor e sofrimento numa vida feliz. 
Foi a partir daí que as coisas começaram a fazer sentido para mim. Aquele foi um mês bem bosta, mas foi essencial para que as coisas melhorassem de vez. 
Foi então que comecei um processo de aceitação e mudança bem drástico.
Sobre a aceitação:
Eu parei de resistir, de “sofrer por estar sofrendo”. Eu chorei o que precisava, desabafei o que o que podia e não podia e num desses desabafos me foi dito para que eu nunca mais evitasse sofrer, porque a dor não iria embora só porque eu me negava a sentí-la. É preciso viver, sentir e deixar ir toda a magoa e sofrimento. 
Você tem todo o direito de estar triste porque ainda não conseguiu sair da casa dos pais, ou porque não conseguiu passar numa prova importante, porque você foi injustiçada, porque alguém querido lhe magoou, ou simplesmente porque a pessoa que você ama foi embora. Mas é preciso entender que essa tristeza não pode tomar conta de quem você é, nem tirar a sua paz de espírito. A vida é muito maior do que um problema, ou um sofrimento.
Através da aceitação vieram mais três coisas que foram essenciais para minha melhora: maturidade, amor próprio e meditação.
É preciso maturidade para entender que nem tudo vai sair da forma como você quer e que tudo bem se sentir frustrada. 
É preciso amor próprio para cultivar hábitos que façam bem para o seu corpo e alma. Para enxergar o que está te fazendo bem e o que só está te machucando e trazendo frustrações desnecessárias.
É preciso meditação para seguir os planos sem ter ataques de ansiedade. Aprender a viver um dia de cada vez. 
Depois da aceitação veio a mudança, de nada adianta não se sentir bem com alguma coisa e não fazer nada para muda-la. Mas isso só veio depois de muita relfexão, até eu perceber onde eu estava e onde eu queria chegar.
Eu mudei costumes, parei de impor a mim obrigações sociais que não me acrescentavam, nem me faziam feliz.
Virei vegetariana, e me surpreendi muito porque passei a me alimentar de forma mais saudável do que antes quando comia carne e vivia de bife com arroz.
Mudei de casa, porque um espaço só meu já era uma necessidade na minha vida.
Me afastei de algumas pessoas, porque não havia mais sentido em continuar ao lado delas. Magoei pessoas, porque quando se está num processo de mudança é esperado que você pense em você em primeiro lugar, que você tenha atitudes egoístas e que você magoe muita gente nesse processo. Porque somos humanos e o humano é falho.
Me perdoei. É preciso se perdoar assim como é preciso perdoar quem te magoa, porque não somos perfeitos e ao longo do caminho a gente tropeça e muito. Faz parte do aprendizado. 
Fiz uma viagem sozinha, descobri lugares, culturas, vivi aventuras que fizeram eu expandir meus limites e descobrir potenciais em mim que nem imaginava possuir.
E foi quando eu me reformulei, depois de todas essas coisas, que as coisas começaram a ficar boas, boas até demais... De repente me vi feliz. 
Feliz de verdade, daquelas alegrias que você tem vontade de sorrir para todas as pessoas. Um estado de felicidade e paz de espirito tão grandes que o mau humor não dura, o pessimismo não se cria, seus erros são perdoados e suas particularidades são motivos de orgulho por compor seu jeito de ser.

Então eu senti muito medo.
Comecei a ficar com medo e a falar para os meus amigos que eu tinha receio que algo começasse a dar errado, porque estava tudo muito bem.
Eu finalmente estava feliz, em paz comigo mesma e achava que logo algo muito ruim aconteceria. 

Ontem eu voltava para casa quando me dei conta de que esse medo todo nada mais era do que um resquício daquela ideia antiga de que a felicidade está nas coisas boas que possuímos.
Eu olhei mais atentamente para a minha vida e vi que na realidade minha vida não tinha mudado tanto assim e não estava a oitava maravilha do mundo. Eu ainda gasto mais do que ganho, ainda não tenho uma relação boa com minha família, ainda estou uns bons kg acima do peso “ideal”... No fim das contas o que mudou para melhor não foi minha vida, fui eu.
O que melhorou foi a forma como eu encaro a vida. E por isso sou feliz.
Eu aprendi a separar as coisas e os sentimentos. Hoje eu sei que posso ficar triste por algo ruim que aconteceu, mas isso não quer dizer que eu estou infeliz. Eu só fico triste pela coisa x, eu sofro por aquilo, depois eu sigo em frente. A vida não é sofrer. 
Se eu tenho dividas eu deito à noite e penso “ok. Fiz meu planejamento, uma hora a dívida termina. Por mais que eu não durma, amanhã a dívida ainda vai estar lá, não há porque perder o sono com isso hoje. 
Se eu brigo com alguém que eu amo, eu tento deixar claro que pessoas são imperfeitas, possuem opiniões e percepções diferentes, mas que enquanto houver amor não tem porque uma briga estragar um dia, não tem porque negar apoio numa hora difícil, um abraço num momento de conforto ou uma palavra amiga para abrir sorrisos. Se há vontade de permanecer na vida um do outro que seja leve.
Se vejo que ganhei alguns quilos, logo penso que foi com uma comida saudável e tudo bem não ter o corpo das modelos. Tudo bem não vestir 38, nem entrar mais tão bem naquela calça. Meu corpo é lindo do jeito que ele é e eu preciso enxergar cada dia mais isso. Se eu não me amar, como outra pessoa vai? A mudança começa de dentro. 

Hoje eu falo com plenitude que sou feliz e isso não significa que eu não tenha problemas, ou que minha vida seja perfeita. Ela não é e nunca vai ser, mas agora minha felicidade não depende de fatores externos para existir. Minha felicidade depende só de mim e de como eu acordo de manhã e escolho interagir com o mundo, porque a partir do momento que a minha felicidade depender de um objetivo, ou de não ter problemas para existir ela nunca de fato existirá.
No fim das contas há felicidade também na tristeza, pois é com ela que vem as percepções que só os momentos de alegria jamais nos proporcionariam. 

Leve um dia de cada vez, respire fundo. A vida é bela sim, você só precisa aprender a enxergar ela de uma forma mais leve e bonita.

E seja feliz independente do que aconteça. Você merece.