sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Me amar mais? Como assim?...


Existem muitas pessoas que, assim como eu, já passaram (ou ainda passam) por problemas de valorização em seus relacionamentos.
Aquele sofrimento de se doar imensamente e receber quase nada em troca.
Eu sempre me encaixei fácil nesse perfil.
Eu fazia de tudo para agradar quem estava comigo. Desmarcava compromissos para encaixar um convite de última hora do crush na minha agenda. Deixava de comprar algo para mim, para dar AQUELE presente. Assistia sempre os filmes e séries que agradavam o outro, porque geralmente o meu gosto não era “tão cool”. Ouvia muito e falava pouco. Não cobrava nada além de uma cia nas horas boas, mesmo sabendo que havia dias ruins em que eu realmente precisava de alguém. Aceitava atitudes que me magoavam porque a felicidade do outro era mais importante que a minha.
Eu acreditava tolamente que o amor do outro por mim um dia cresceria e a pessoa me valorizaria se eu fosse boa o suficiente para isso, me culpando quando isso não acontecia. E isso sempre acontecia.
E em todos os términos eu ouvia sempre a mesma frase dos meus amigos: “Tu precisa se amar mais e se valorizar”. Ok, eu acreditava nisso, mas nunca entendia como que isso funcionava.
Realmente, anos atrás eu me olhava no espelho e não me sentia bonita, ou não conseguia ficar sozinha em casa. Mas hoje em dia eu me acho bonita, eu adoro minha cia... Então eu me amo, certo? Por que as coisas continuam iguais? Eu preciso me amar mais? Como assim?
Foi então que um dia eu li uma frase tão elucidativa que foi como um soco no estomago. Foi esclarecedor, foi. Mas doeu. Muito.
A frase dizia assim: “How you love yourself is how you teach others to love you. ” (Como você se ama é como você ensina os outros a amar você.)
Então eu me dei conta de que sempre que eu conhecia alguém eu me anulava totalmente, ou seja, a forma como eu “me amava” era essa. Eu me largava de mão completamente, não estava nem aí. Eu não ligava se eu me magoava com atitudes alheias, eu não ligava para os meus gostos, vontades, ou necessidades e sempre colocava o outro em primeiro lugar. E estas eram sempre minhas queixas quanto ao comportamento dos outros comigo:
“Fulana nunca faz nada pra me agradar. ”
“Fulano está sempre fazendo algo que me magoa e nem se importa. ”
“Cicrana sempre me trata com indiferença. ”
“Cicrano nunca valorizou quem eu sou de verdade. ”
Eu percebi que se o jeito que eu me amo é como eu ensino os outros a me amar, realmente, do jeito que as coisas estavam eu nunca seria feliz com ninguém. Eu não seria feliz nem sozinha, para início de conversa.
Nesse momento eu parei tudo.
Dei um reset em todos os relacionamentos e pseudo-relacionamentos que já não estavam mais funcionando (amores e amizades) e decidi recomeçar "do zero".
Passei a me questionar e atender às respostas desses questionamentos:
O que EU gosto de ouvir, assistir e ler?
O que EU gosto de vestir?
O que EU gostaria de ganhar de natal?
Quais os lugares que EU aprecio ir e como EU gostaria de me portar nestes lugares?
Quais as coisas que EU gosto de fazer?
Quais os amigos que me respeitam, apoiam e me amam como eu sou?
Quais minhas metas para 2017?
Durante esse processo (que levou meses) eu me recriei, reformulei e valorizei de uma forma absurda. Eu me identifiquei com coisas e me conectei com pessoas de uma forma que jamais imaginaria. Eu me permiti isso. E isso não só trouxe alegria e paz para a minha vida, como também me fez mais forte.
Hoje em dia eu não aceito pessoas egoístas e treteiras no meu círculo de amizades e relacionamento nenhum vai pra frente comigo se não há respeito e reciprocidade.
E a cada dia que passa eu me escuto mais, me conheço um pouco melhor e me dou uma atenção muito maior do que a que eu sempre quis que os outros dispensassem a mim.
A vida de alguém que se “se ama”, como meus amigos aconselhavam, é muito mais solitária e calma do que se imagina, porque alguém legal, que te ame, respeite e valorize não se encontra a cada esquina (as vezes, em festas principalmente, me sinto como se eu estivesse cercada de gente babaca). Mas não é uma vida ruim não, muito pelo contrário, nunca fui tão feliz na minha vida como sou hoje.
No final o X da questão não é se você “se ama”, mas sim de qual maneira você se ama.
Se pergunte vez ou outra qual a importância que você dá para você mesma, do que você gosta, o que te faz feliz. Se permita conhecer quem você é e também construir quem você é de uma forma que lhe dê orgulho ao se olhar no espelho todos os dias. 
Você vai ver que as pessoas legais que entrarem na sua vida vão te olhar com outros olhos e vão te tratar muito melhor; e as que não forem legais não vão durar muito. Porque quando você se gosta, você não aceita e nem aguenta ter gente babaca por perto.

No mais seja bom, a gente atrai o que transmite. (: