domingo, 11 de dezembro de 2016

Onde não puderes ser de boas, não te demores...

Quando eu crio carinho por alguém não importa o tempo que passe, o carinho fica. Mesmo que esse alguém vá embora e que a amizade não esteja mais presente.
Muitas vezes minha memória brinca de trazer os bons momentos à tona. Quando uma música toca, quando um perfume corta o ar, ou simplesmente porque na vitrine tem uma roupa que "é a cara de fulana". E junto dessas memórias vem a saudade.
Sempre que algo me lembra alguém que eu gosto eu compro presente, eu mando mensagem, eu mando foto, eu procuro mesmo. O velho amigo, o novo amigo, o vizinho, o ex namorado, o ex colega de apartamento... Porque acho gostoso saber que tu é lembrado com carinho por alguém, mesmo quando faz anos que os caminhos não se cruzam mais. E fico realmente feliz quando alguém fala que viu certa coisa e lembrou de mim, ou que sente saudade.
Eu entendo que é saudade das coisas boas, de algum momento bom, ou simplesmente do som que a risada do outro faz. Saudade, e não vontade reviver toda aquela amizade, ou rever a pessoa em sí.
Saudade da amizade que talvez existiu. Amizade essa que talvez não exista mais, mas que deixou sua marca o suficiente para ainda mesmo depois de um tempo ser lembrada com carinho.
Mas nem todos entendem isso. Nem todos vivem a leveza de deixar o ego no bolso, carregar consigo o que foi bom e ser gentil com quem lhe é gentil.
Você manda algo doce e sincero e o outro não vê isso como um gesto de carinho no qual o outro lembrou com alegria dele, ele vê como um gesto "fraco" e faz disso uma oportunidade para ser rude, indiferente e às vezes até cruel com quem estava ali de coração leve.
Com o tempo a gente aprende a filtrar as pessoas que devem permanecer na vida da gente e as que jamais deveriam ter entrado. Aprende a ver de longe quem está ali porque gosta de ti, e quem está ali porque tu oferece naquele momento o que ele precisa.
Mas às vezes você se engana e só percebe que o outro não é tão de boas quando é magoado por ele.
Tá tudo bem.
Nem todo mundo pensa como você.
Nem todo mundo vai gostar de você como você gosta dos outros.
É normal.
Acontece.
Respira fundo.
Solta o ar devagar.
E deixa essa pessoa no passado.
Quando os bons momentos vierem ao pensamento outra vez você diz a eles "realmente, esse dia foi ótimo" e trata essa memória como se trata um sonho bom. Guarda com carinho, guarda pra ti.
Não procura quem não está disposto a te tratar bem, porque estar perto de quem te faz mal é desamor.
E por mais que o outro não seja leve como você, não vale a pena guardar tristezas e mágoas no peito.
Pesos desnecessários causam dores desnecessárias e um coração leve é um coração feliz.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O que não lhe contaram sobre deixar de ser bonzinho...

Todo mundo já ouviu aquela máxima de "bonzinho só se fode", mas quase ninguém te explica o quão difícil também será "deixar" de ser bonzinho. Não, não estou falando de virar um cuzão que pisa em todo mundo por vingancinha. Estou falando deixar de ser "troxa" mesmo. E quando falo troxa me refiro a alguém que coloca os interesses do outro acima dos seus, sem amor próprio.
Eu sempre cresci tendo pouco em questão emocional, pouco amor, pouco carinho, pouca importância. E na minha cabeça isso acontecia porque eu não era boa o suficiente. Então eu sempre me esforcei para ser a pessoa mais presente, querida e amável com as pessoas que eu gostava, na esperança de que elas me dessem mais do que aquelas migalhas que eu recebia. Eu dava muito e exigia pouco, porque tinha medo de exigir demais e perder a pessoa. 
Quer dizer, eu achava que exigia pouco.
Faz pouco tempo eu entendi que por mais que você não exija nada do outro, o fato de você se doar muito pressiona a outra pessoa a se doar mais também e quando ela não tem condições de responder a altura, ela sente desconforto, vontade de fugir daquela situação, se distanciar.
Quando isso não acontece, ela se acostuma com essa situação favorável de dar pouco e receber muito, assim como você se acostuma a dar muito e receber pouco.
Mas com o tempo, a terapia e todas as experiências que você vai vivenciando, um dia você acorda e percebe que você não é feliz assim. Que você precisa de mais. Você simplesmente cansa de ser aquela pessoa que sempre procura, puxa assunto, cansa de ser aquela que diz que sente saudade, que quer agradar sempre sem ser agradada de volta. E você se revolta, consigo mesma por estar naquela situação, por aceitado essa situação por tanto tempo e é aí que a mudança acontece. 
De dentro pra fora.
Você acorda e ao invés de correr para o celular e mandar "Bom dia" pra alguém, você simplesmente quer se alongar beeeem devagar, abrir a janela, colocar uma música suave enquanto você escolhe sua roupa pra trabalhar.
Você chega no trabalho e fica tão concentrada nele e nas suas coisas que o tempo passa mais rápido e quando você vê já é quase noite e você não enviou o costumeiro bom dia. Mas agora já é de tarde e você está atrasada para sua aula (de Zumba, pole dance, jogo de futebol) e você acaba esquecendo.
De repente você tem tanto para administrar que as coisas ficam mais complicadas, as outras pessoas ficam mais distantes e você começa então a selecionar melhor as pessoas que você quer por perto. As pessoas que você sempre teve que mendigar atenção são as primeiras que você se afasta. Porque você vive para você agora, não para agradar o outro e onde não há troca não vale a pena se demorar.
Mas quem é deixado de lado não entende isso. Não aceita. E ainda pensa estar com a razão:
 "Ora, mas eu sempre fui assim com ela, já fui até pior inclusive, e ela sempre aceitou. Por que é que agora se revoltou desse jeito. Esta louca."
"Não vou mover um dedo, uma hora ela se arrepende e volta. Ela sempre volta."
"Ela sempre me procurou, que absurdo agora ela não vir mais falar comigo todos os dias! Ela não tem consideração mesmo!"
"Como assim eu convidei ela e ela não pode? Isso nunca aconteceu antes, ela estava sempre disponível. Ela não se importa comigo.”
"Se ela não gostou do jeito que falei com ela e quer se afastar, problema é dela. Nunca reclamou antes. Sou assim e não vou mudar."
"Como assim ela não entende que às vezes eu não estou afim de responder e só visualizo?”
E de repente tu começa a virar a pessoa egoísta, a egocêntrica, a insensível e sem responsabilidade emocional, mas na verdade você só está se colocando em primeiro lugar depois de muito anos ocupado o segundo. E as pessoas não conseguem enxergar que você mudou e que você, assim como elas, tem suas próprias prioridades e não pode, ou não quer estar presente o tempo todo.
A gente muda.
E espera que um dia os outros tenham a empatia pra reconhecer que agora você é protagonista de sua própria vida, e assim como eles, você precisa de carinho, amizade, respeito e um tempo pra si.
Pois quando você deixa de "ser bonzinho" na realidade você não está sendo ruim, você só está sendo bom com você em primeiro lugar. Você apenas compreendeu que o seu amor próprio vale muito mais do que o julgamento de quem nunca sequer te deu amor. 
Não, não é fácil mudar, mas depois que você pega o ritmo tudo fica mais leve porque só permanece na sua vida quem realmente te ama e faz bem.