A manhã acordou fria. O orvalho decora a janela, feito uma
cortina fina, nos separando do dia amanhecendo fora dela.
Hesito abrir os olhos por uns minutos, convenço a
preguiça a ficar mais um cadinho ali comigo.
Aperto você no meu abraço quentinho desejando que o sono
volte, enquanto os poucos raios de sol que iluminam o quarto me trazem à
realidade boa que está ao meu lado.
Sempre quis a sorte de um amor tranquilo, um faz de
conta de olhos abertos. E com você a vida é leve, o vento é brisa e a chuva é cristalina.
Há profundezas distantes nos mistérios que seus
olhos guardam, guarde-os bem. Meus dias já não contam as horas, o tempo é
volúvel e navegar no desconhecido sempre foi mais interessante.
Não levante agora, te quero aqui pertinho. Te dei
meus olhos para tomares conta, então me deixa demorar mais um pouquinho.
Só mais um beijo, um sorriso, outro beijo, um
abraço.
Pronto.
Agora vá. Livre e leve como o voo do pássaro, pois
há muito tempo criei asas e sei como é bom voar. E quando a saudade apertar
pousa de mansinho, porque meu coração é feito ninho em galho fraco, não pode
pesar.
Dizem da vida que o acaso dela é razão, que o fim
justifica os meios e cada porquê se torna lição, se souberes enxergar por
inteiro.
“Te vejo livre, não domino. Me vejo livre, não pertenço.
No fim das contas, isso é amor. ”