segunda-feira, 31 de julho de 2017

É preciso liberdade para compreender...

Eu estava em busca da minha liberdade quando te encontrei. Me vi pela primeira vez livre e ao mesmo tempo amando com cada pequeno órgão do meu corpo.
Ao entrar em minha vida você foi um sonho bom, como quando sonhei que tinha ganhado uma passagem para Londres e chegando lá estavam gravando um filme do Tarantino. Aquele sonho que você acorda desejando que tivesse sido verdade. Que fosse verdade um dia. Mas nunca é.
Te conhecer não foi tão bonito assim. Não foi poesia, nem sonho bom. Mas foi real. Foi ter a pessoa dos meus sonhos em carne e osso. Com mais erros que acertos, com mais indiferença que cuidado, com mais silencio que diálogos, com mais saudade que abraços, com mais desculpas que surpresas, com mais fantasias de um final feliz do que com a realidade de um sonho bom.
Palavras soltas sobre sentimentos mantidos presos por tanto tempo que já se cobrem de pó nas estantes do peito. Guardados na tentativa de sufocar a dor de não ter reciprocidade nos olhos de quem se ama.
Sabemos que a dor nunca vem sozinha, junto dela sempre vem um aprendizado. Mas é preciso aprender a libertar-se. Não só o corpo, mas também o que se sente.
Só no exercício da liberdade compreendemos por inteiro.
E foi quando me libertei que aprendi que cada um oferece o que tem.
Então perdoei a mim mesma por ter aceitado tão pouco, me desculpei com você por ter exigido muito mais do que você jamais seria capaz de me dar e segui meu caminho.
Porque a vida sempre segue.
Por mais difíceis que sejam alguns dias, a vida é realmente linda e ela te ensina a viver se você viver tempo suficiente para aprender.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Tudo o que pertence aprisiona...

As pessoas anseiam por ter sua liberdade roubada. É algo que não entendem, que possuem e não sabem o que fazer com ela. É o tesouro da leveza de espírito e da consciência que é entregue ao outro sem arrependimentos, por vontade própria.
Porém a necessidade de controle remanesce e para fugir da loucura que o descontrole trás, fazemos uso da liberdade alheia para nos trazer equilíbrio. Podamos o que (ou quem) achamos desnecessário, acrescentamos o que achamos essencial. Moldamos o outro à nossas próprias vontades como se não dispuséssemos de um corpo próprio e inteiro 24h por dia para tomar conta.
Na verdade não ansiamos pelo roubo, ansiamos pela troca.
Parece tão mais amplo e mágico poder controlar o que o outro faz que acabamos por nos ocupar cada vez mais do outro e esquecer cada vez mais de nós mesmos. Afinal, o outro precisa atender às nossas idealizações para ser amado.
Nos preocupamos tanto em controlar o outro e nos deixar controlar que esquecemos de que tudo o que pertence aprisiona.
É a conveniência que encobre a posse.
O possuir traz sensação de falso poder, falsa autoafirmação, pois nada é teu de verdade.
A única coisa que de fato lhe pertence é consciência do que é o mundo e quem somos nele.
E quem somos afinal, se não paramos para nos olharmos no espelho e enxergar quem realmente somos? Se não dedicamos tempo para nos transformarmos em quem realmente queremos? Se não nos permitimos controlar nossa própria liberdade com a finalidade de conhecer (e expandir) nossos limites?
Como amar a si mesmo se sequer sabemos quem somos?
Mas preferimos deixar isso como tarefa do outro, que também foge da própria percepção na ilusória procura de si mesmo num corpo alheio.