terça-feira, 27 de junho de 2017

Coragem, Força e Completude...

Era uma vez um rapaz e uma moça que tiveram seus caminhos lado a lado por um tempo de suas vidas, mas que foram se distanciando com o passar dos dias.
Ele seguiu seu caminho, deixou ela para trás. Já ela jamais o esqueceu, por mais longe que os caminhos estivessem, ela sentia como se seus corações estivessem lado a lado.
Os anos passaram.
Um belo dia ela, que por tanto tempo tinha sido feliz com o fantasma da presença dele, acordou inquieta. E cansada de alimentar seu amor com esperança, pensamentos e fantasias, marcou um encontro com ele.
O Relógio corria depressa naquele dia, junto com a ansiedade e um outro sentimento ainda incompreendido dentro dela.
Depois de tanto tempo eles se veriam de novo.
Seria tudo como nos velhos tempos? Seria tudo mais frio? A intimidade que sempre se fez tão intensa ainda se faria presente? Haveria mais silencio do que diálogos?
Ela respirou fundo, o coração batia nervoso.
Ele chegou, sorriu e entrou.
Não houve silencio, ou desconforto. Praticamente tudo o que sempre existiu ainda ali permanecia. Menos o essencial, mas isso era apenas um detalhe naquele momento.
O dia amanheceu.
Ela despertou e junto dela uma certa inquietação.
À tarde ele resolveu ir embora. Ela então sentiu o que esteve presente desde o início, sutil demais para se apresentar com força.
O fim.
Eles se despediram, ela olhou ele nos olhos e pediu mais um beijo. Lá no fundo agora ela entendia, aquele seria o último.
Ela foi para o quarto e chorou. Chorou como há muito tempo não chorava. Não por ele, mas pela sensação de vazio que havia dentro dela. Era um vazio tão grande, como se existisse literalmente um buraco do tamanho de uma bola de basquete no peito dela.
Ela não entendia o que significava aquela sensação, ela se culpava por ter visto ele, pois até então as coisas estavam bem.
No outro dia quando acordou o vazio permanecia ali.
“Como lidar com isso? ”, ela se perguntava, ela simplesmente não sabia o que fazer com tanto vazio dentro dela. Era angustiante demais se sentir assim. Não havia vontade de nada dentro dela.
Ela já não queria trabalhar, sair de casa, ver pessoas, interagir com o mundo. O vazio a tomou por inteiro.
Primeiro ela decidiu apenas aceitar e conviver com aquilo, mas lhe era ruim demais.
Então ela resolveu preencher aquele vazio de alguma forma.
Ela procurou os amigos, o carinho deles, o sorriso, os brindes. Não adiantou, pelo contrário, em certos momentos ela sentia até um certo desconforto em impor a sí mesma uma interação social que lá no fundo ela não queria.
Ela decidiu, por fim, preencher o vazio com ela mesma. Mesmo sem vontade ela voltou a fazer as coisas que ela gostava. Estudar música, ler em cafés, ir ao cinema sozinha, praticar esportes. Ela se ocupou tanto de si mesma que mal sobrava tempo para os amigos. Ela se perdoou por isso e resolveu não se obrigar a mais nada. Ela só saia quando ela realmente queria ver um deles. E os via um de cada vez, aproveitando ao máximo a cia de quem ela gostava.
E o buraco aos poucos foi diminuindo até que um dia ela acordou e conseguiu, finalmente, respirar fundo de novo. Se sentindo inteira, completa e em paz.
E ao respirar em paz ela entendeu tudo de forma clara e se sentiu realmente feliz por ter feito aquele convite há meses atrás.
Quando a gente ama alguém e cultiva sentimentos por esse alguém, esses sentimentos vão crescendo e ocupam espaços dentro de nós que nem sequer imaginamos. E é quando dizemos adeus definitivamente que descobrimos, é quando o outro vai embora que percebemos tamanho do vazio que ele deixou. Por isso que é tão difícil dizer adeus. Nós temos medo do vazio que ficará dentro do peito e de não sabermos qual a melhor forma de preenche-lo.

É preciso coragem para deixar ir.
É preciso força para seguir em frente.
É preciso completude, pois só quando se é inteiro se é feliz de verdade.

A felicidade anda em par...

A primeira vez que te vi
Tua beleza me deixou boba
Tamanha alegria que senti
Te dei meus olhos pra tomares conta.

Te ver foi encanto
Foi canto
Melodia em piano

Em meus olhos és fantasia
Duas luas tocando o mar
Na minha boca poesia
Embriagada de luar.

Cada traço,
Risco de compasso
Que me fazem suspirar

Quisera eu poder te admirar
de aurora a aurora
Enamorar a memória
Para te poder sonhar

És distração
Meu devaneio a cada entardecer
Sentimento que faz fugir a razão
Porque lembrar é não ver.