Você era a luz dos meus olhos, a correnteza no rio da
minha vida e tudo que não tinha você não fazia sentido para mim.
Suas vontades eram sempre maiores do que as minhas, na
verdade, não havia vontade em mim quando você não queria o mesmo.
Todos os seus erros eram perdoáveis e justificáveis. E a
dor que eles me causavam era aceitável porque meu amor por você era maior do
que tudo, era maior do que eu.
Num mundo onde eu sempre precisava provar que eu valia a
pena, me ocupando demais de você, eu esqueci de cuidar de mim.
Num mundo onde tudo o que você fazia era esperar que eu
fizesse você feliz, você se esqueceu de olhar para mim.
Até que um dia despertei deste sono profundo, na qual
estava imersa há mais de dois anos. Foi como se eu estivesse em um quarto escuro
e alguém abrisse as janelas para um dia extremamente ensolarado. Aquela imensa quantidade de luz verdadeira
entrou quarto adentro fazendo doer meus olhos e varrendo toda a escuridão de
uma só vez.
Acordei então para a realidade de uma vida mais cheia de
cores onde finalmente eu era a personagem principal.
Eu olhei pra trás e enxerguei todos os erros e acertos de
forma clara, e principalmente, todos os descuidos que tive comigo mesma.
Enxerguei todos os buracos e arranhões existentes no meu barco. Eu simplesmente
havia deixado a correnteza me conduzir, as pedras ao longo do rio fizeram o seu
trabalho e eu sequer reclamei. Senti muita raiva de mim mesma e decidi que
nunca mais deixaria correnteza alguma me levar, que de agora em diante eu iria remar.
Remar para onde fosse seguro, remar não importa a força da correnteza, remar
para onde fosse feliz.
A partir deste dia passei a ouvir palavras desrespeitosas
e disparates por querer cuidar do meu barco, só que eu não troquei nada por
ninguém, apenas passei a escolher a mim antes de escolher você.
Colocar-se em primeiro lugar não é egoísmo, nem orgulho,
é amor próprio.
Quem ama rema junto.
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