quarta-feira, 30 de março de 2016

Flooded Thoughts...

Sonhei que eu estava num lugar fechado, com escadas e passagens secretas. De repente notei meus pés molhados; águas vindas de algum lugar desconhecido enchiam o ambiente e de alguma forma eu sabia que cedo ou tarde a água atingiria o teto daquele lugar.
Haviam passagens e escadas, mas não levavam a lugar algum.
Haviam portas, mas não haviam saídas.
Haviam perguntas, mas não haviam respostas.
Havia você, mas eu estava só.

Acordei assustada.

Para onde foi a atenção que dispensávamos um ao outro, que nos diferenciavam de meros conhecidos e nos faziam únicos?
A cada dia que passa acumulam-se palavras não ditas. O bom dia que não foi dado, a conversa que não foi iniciada, uma história engraçada qualquer que não foi compartilhada ao final de um dia comum.
Para onde foi o aconchego dos nossos braços e pernas tão bem entrelaçados que já não se sabia onde era eu, onde era você?
Cada dia que passa me machuca mais abraço não dado. A falta do calor dos seus braços ao redor dos meus, a sensação de proteção que eu sentia quando eles de surpresa se cruzavam ao redor da minha cintura de forma tão natural que era como se já fizessem parte de mim.
Para onde foi a saudade que reclamava baixinho quando passávamos mais de quatro dias longe?
Cada dia que passa me dói mais a distância que nos separa. Se antes te sentia pertinho de mim mesmo quando ficávamos dias longe, hoje te olho nos olhos e sinto rios e mares de distância entre nós.
Para onde foi aquele sorriso gostoso que dividíamos quando piadas bobas eram contadas?
Para onde foi o carinho e o cuidado, que tornava cada dia ao seu lado especial?
Para onde foi aquele ataque de beijos logo pela manhã e aquelas palavras doces?
Para onde foi a vontade de fazer o outro feliz, a vontade de se manter por perto?
Para onde foi... Você?

*Imagem da animação "La Maison en Petits Cubes".

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