Sonhei que eu
estava num lugar fechado, com escadas e passagens secretas. De repente notei meus
pés molhados; águas vindas de algum lugar desconhecido enchiam o ambiente e de
alguma forma eu sabia que cedo ou tarde a água atingiria o teto daquele lugar.
Haviam
passagens e escadas, mas não levavam a lugar algum.
Haviam
portas, mas não haviam saídas.
Haviam perguntas,
mas não haviam respostas.
Havia
você, mas eu estava só.
Acordei
assustada.
Para
onde foi a atenção que dispensávamos um ao outro, que nos diferenciavam de
meros conhecidos e nos faziam únicos?
A cada
dia que passa acumulam-se palavras não ditas. O bom dia que não foi dado, a
conversa que não foi iniciada, uma história engraçada qualquer que não foi
compartilhada ao final de um dia comum.
Para
onde foi o aconchego dos nossos braços e pernas tão bem entrelaçados que já não
se sabia onde era eu, onde era você?
Cada
dia que passa me machuca mais abraço não dado. A falta do calor dos seus braços
ao redor dos meus, a sensação de proteção que eu sentia quando eles de surpresa
se cruzavam ao redor da minha cintura de forma tão natural que era como se já
fizessem parte de mim.
Para
onde foi a saudade que reclamava baixinho quando passávamos mais de quatro dias
longe?
Cada
dia que passa me dói mais a distância que nos separa. Se antes te sentia
pertinho de mim mesmo quando ficávamos dias longe, hoje te olho nos olhos e
sinto rios e mares de distância entre nós.
Para
onde foi aquele sorriso gostoso que dividíamos quando piadas bobas eram
contadas?
Para
onde foi o carinho e o cuidado, que tornava cada dia ao seu lado especial?
Para
onde foi aquele ataque de beijos logo pela manhã e aquelas palavras doces?
Para
onde foi a vontade de fazer o outro feliz, a vontade de se manter por perto?
Para
onde foi... Você?
*Imagem da animação "La Maison en Petits Cubes".
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