quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Coisas de mulher...


Acho que essa só mulher entende.

Seja na época da escola, cursinho, técnico, ou faculdade sempre tem aquele cara que impacta os olhos.

Você acorda desanimada, veste a primeira roupa que vem na mente, não passa um lápis no olho e sai arrastando a mochila pensando “tem que ir, tem que ir fazer o que?!”. Pronto! Acontece.

Você adentra a sala de aula e lá está, todo bonitão, com roupa social, cabelo curto e olhar charmoso. Ele olha pra ti e diz “oi” e isso já é o suficiente para que você se arrependa até o dedão do pé por ter saído feito uma mendiga de casa.

Eu sempre evitei isso. Infelizmente comigo as coisas não dão muito certo. O cara nunca nota minha existência, nunca me dá a mínima e ainda por cima eu sempre passo vergonha.

Todos os meus esforços não valeram de nada em frente um cara da faculdade.

Eu era colega dele desde o primeiro semestre, fizemos trabalhos juntos e eu nunca dei bola pra ele, nem pra ninguém, até o dia D.

Sai de abrigo, com um casaquinho de malha (que até furado na manga tava), entrei pela bendita porta da sala e pronto! Vi e achei lindo. (Ele nem é tudo isso, mas durante aquele mês ele tava radiante)

A partir daquele dia eu não quis dar mais furo nenhum, como eu tinha aula com ele toda a terça-feira eu criei uma regra: “Ingrid tu pode ir esfarrapada a semana toda até pra missa, mas na terça tu não de casa menos que decente”.

Na primeira semana ele não veio.

Na segunda semana meu colega que tinha aula todos os dias virou pra mim e disse em alto e bom som “porque tu veio toda pintada hoje?”, “tudo pra ti coração” respondi, corando porque o Benedito tava bem atrás de mim.

Seguiram mais duas semanas infrutíferas porque ele nunca sentava perto de mim, ou sequer falava comigo.

Então chegou uma terça-feira que eu me atrasei muito pra aula, passei um lápis no olho, um batom correndo e sai.

Cheguei na sala e não tinha ninguém, só um recado no quadro “aula no laboratório”.

Já eram quase 20h eu tava tri atrasada ai entrei no elevador vazio e apertei o 9. No 4º andar a porta abre e quem entra? Pois é.

Ele entrou, eu dei oi e abri um sorriso pensando “seja simpática, seja simpática”, ele deu um sorriso e me cumprimentou de volta.

Fomos juntos pro laboratório e a aula seguiu tranqüila. No fim da aula fomos na mesma hora entregar o trabalho, eu olhei pra ele faceira, abri um sorriso largo e disse “tchau”, ele riu, disse “até mais” e saiu.

Sai uns cinco minutos depois dele, entrei no elevador vazio de novo, olhei no espelho e senti pela primeira vez a sensação de vergonha atrasada. Simplesmente os meus quatro dentes da frente estavam rosa de batom.

Até hoje eu tenho minhas duvidas se aquele sorriso dele era de simpatia, ou da minha cara. Por via das duvidas nunca mais fiz cadeira nenhuma com ele e evito qualquer aproximação.

Estes dias sai antes do intervalo pra comer um croissant de chocolate (tava morta de fome), só eu andando pelo prédio 50, dei aquela mordida e segui pra escada rolante. De repente ouço um “oi”, “oi” disse eu virando distraidamente com a boca puro chocolate e croissant. Não preciso nem dizer quem era novamente.



P.S. Não importa a fome que você esteja, nunca fale de boca cheia.

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