Estava eu numa parada esperando o ônibus quando dobra a
esquina uma senhora maltrapilha, empurrando um carrinho de supermercado cheio
de tralhas. Ela me olha, para, larga o carrinho e vem na minha direção fazendo
assim: (y)
Já pensei “ihh, isso não pode ser boa coisa”.
Ela então chegou bem pertinho de mim e a cada passo a frente
que ela dava eu dava um pra trás, numa caminhada inversa, e ninguém além de nós
duas na rua.
- A senhora tem um trocado para me dar?
- Bah, desculpa, mas tenho só o TRI.
- Não, eu não sou uma pessoa inconveniente, eu só quero um
trocado!
- Não, eu disse que só tenho o TRI, o cartão do ônibus.
- Tá, já serve.
- Não, eu não posso te dar meu TRI.
-Sabe que uma mulher me chamou de feia?! Tudo bem que eu
bebi umas cachacinhas, mas o que eu posso fazer? Vou roubar né?!
-Não, a senhora não pode roubar, roubar não é legal.
- Não?
- Não, não é certo. Por mais que sua vida esteja difícil...
E assim comecei meu diálogo de persuasão às 7h30min da
manhã.
Não sei ainda se sou muito boa em argumentação, ou se ela
não agüentava mais que eu não calava a boca. Só sei que depois de uns 5 minutos
me ouvindo ela deu um suspiro de “que merda” e voltou pro carrinho de
supermercado dela e eu pude caminhar uma quadra de volta até a parada e começar
“bem” a minha sexta-feira.
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